sábado, 16 de janeiro de 2010

Role Playing Game

Este texto é dedicado a todas as pessoas que já me perguntaram o que é RPG. Antigamente eu procurava na internet alguma definição e em um rápido Ctrl+C Ctrl+V estava feita a explicação. Com o passar do tempo, vieram novas experiências e passei a descrever com minhas palavras, mas sempre de forma resumida. Pela primeira vez, vou escrever o modo exato como eu vejo o RPG. Mas antes, quero fazer uma comparação.

Acredito que todos já tenham lido ao menos um livro na vida. O que é o livro? Um monte de papéis, onde alguém escreve uma estória maluca que veio sabe-se lá de que canto da sua mente. Porém, quando bem escrito, um livro tem o poder de mexer com a imaginação do leitor, fazendo-o viajar, transportando-o até o mundo ali descrito. O leitor se põe na pele dos personagens, aventura-se com eles, sofre com eles, luta com eles, comemora com eles, ama com eles. Mas, para que isso ocorra, o leitor precisa imaginar tudo, literalmente embrenhar-se na selva de palavras que compõem cada página. O único ponto que pode ser considerado negativo é que ele não tem como interferir na estória, mesmo que consiga se sentir um personagem do livro.

Vocês já viram algum filme, eu suponho. O filme é como um livro, porém não é descrito em palavras, mas exibido com imagens, animações e sons. Um filme não precisa de narrador; ele já se apresenta por si só. O espectador não tem de usar muito a imaginação; basta olhar para a tela. O filme também possui ritmo próprio, enquanto no livro pode-se ler na velocidade desejada. Mas, assim como acontece com o livro, o filme consegue transportar para dentro de sua estória aquele que o assiste. Porém, continuamos com a linearidade do enredo, a incapacidade do espectador interagir com o mundo apresentado a ele.

Então chegamos ao teatro. Possui personagens. Enredo. Início. Fim. Entretanto, não é totalmente linear. Uma apresentação nunca é igual à outra. Isso porque é composto por atores interpretando papéis ao vivo. Nenhum deles é um robô. Nenhum é programado para se comportar nanometricamente igual em todas as peças. Além disso, em um teatro existe interação. Os artistas estão no palco, separados, mas a platéia está ali do lado. Ela tem vida. Ela murmura, aplaude, gargalha, chora. Os atores sabem disso e muitas vezes fazem uso dessa interação com o público, transportando-o fisicamente para dentro da peça. Quebramos a barreira que separava o leitor do livro e o espectador do filme! No teatro, a platéia também participa da apresentação, querendo ou não!

E então, o que é o RPG? RPG é tudo! RPG é um livro onde o escritor e os personagens se sentam ao redor de uma mesa e desenvolvem a estória. RPG é um filme onde os espectadores não são apenas espectadores, eles têm voz ativa. RPG é uma peça teatral onde os atores são a platéia e a platéia os atores. RPG é muito mais do que um simples jogo. É um lugar em que absolutamente tudo pode acontecer. RPG é vida!

Todo RPG precisa de um Mestre e dos Jogadores. O Mestre é o escritor, o narrador, aquele que cria mundos, línguas, raças e que apresenta a estória. Aquele que define o início e os objetivos, mas que, embora tente prever todas as ações possíveis, várias vezes é surpreendido pelo rumo dos acontecimentos.

Os Jogadores são como os personagens principais dos livros e dos filmes. Entretanto, no RPG, eles possuem vida, têm opinião e podem mudar drasticamente o destino de um mundo. No inicio, cada Jogador cria seu Personagem do modo como quiser: define seus atributos, aparência, idade, sexo, profissões, medos, paixões e tudo mais, do modo que o agradar, e anota em uma Ficha. É como poder criar uma outra vida para representá-lo.

Depois de tudo definido, Mestre e Jogadores se reúnem e começa a diversão. Enquanto o Mestre narra a estória, os Jogadores interagem com tudo no mundo criado por ele, como acharem melhor. Cada ação pode levar a recompensas grandiosas ou a acontecimentos desastrosos, tudo sempre sendo interpretado. Exatamente! Todos, ao realizarem suas ações, devem se comportar como os próprios Personagens que criaram, à semelhança do teatro. A diferença é que no RPG todos fazem realmente parte da estória e são importantes para o desenrolar da trama. Acaba sendo mais que interprtar. Enquanto no livro vocês se apaixonam, vendo os personagens vivendo suas vidas, no RPG vocês vivem os próprios Personagens!

Mas vocês podem pensar "Então o Mestre é como um Deus? Se ele escreve e narra, as ações dos Jogadores não importam, porque é ele quem decide tudo". Realmente, o Mestre tem poder para fazer o que quiser, porém nem mesmo ele tem poder sobre uma coisa: os Dados. Sim, Dados, como aqueles de seis faces, presentes em muitos jogos de tabuleiro. É que para cada ação, tanto Mestre quanto Jogadores devem rolar um ou mais Dados, com variado número de lados, dependendo do Sistema de Regras do RPG. O resultado obtido é comparado com os atributos definidos na Ficha do Personagem e só então o Mestre fica sabendo o que aconteceu, descrevendo em seguida para os Jogadores. Embora o Mestre tenha poder para narrar como quiser, as ações dos Jogadores são válidas, ele não é o único que vive ali: Todos são responsáveis pelo seu próprio destino e pelo destino do mundo.

Tendo explicado o funcionamento, passo para o que é possível se fazer em um RPG. Tudo! Sim, tudo. Vocês podem viver um cavaleiro a serviço do rei, um samurai almejando o xogunato, um bruxo fugindo da inquisição, um espião em busca de pistas, um guerreiro espacial lutando contra o império, um recém chegado a Pandora à espera de seu avatar ou qualquer outra coisa que sempre quiseram ser. E como todos possuem vida em um RPG, qualquer ação é válida, desde que seja possível no universo em que se joga. Por exemplo, não existem sabres de luz na Terra, em plena idade média. Ou talvez existam, só depende dos planos do Mestre. Como se pode saber que um Jedi não viajou no tempo? O único limite para a diversão é a própria imaginação de todos envolvidos na Aventura!

"E o que eu ganho com isso?". Além das vantagens óbvias - poder viver como qualquer pessoa de qualquer raça e profissão em qualquer lugar que exista ou não, ter super poderes, divertir-se com seus amigos, entre outras - quem joga RPG aprende a agir em grupo, desenvolve a imaginação e a criatividade, perde a timidez, pois além de estar em meio a várias pessoas, deve interpretar (viver) seu Personagem. Também melhora sua reação frente ao imprevisto e ao improvável e desenvolve seu raciocínio. São tantas as vantagens que não teria como escrever todas...

Sim, o RPG é mesmo fantástico! Tanto que se fosse uma matéria escolar, principalmente pelos motivos descritos anteriormente, acredito que ajudaria bastante os alunos, desde as primeiras séries até as últimas, além de ser um excelente aliviador do estresse causado por aulas mais teóricas. Como eu gostaria de poder voltar da escola com o dever de casa "Desenvolver a história de um novo Personagem" ou, depois de uma prova particularmente difícil, poder voar livremente pelo céu em um grifo ou desbravar, com meus amigos, um calabouço repleto de orcs e resgatar a frágil e bela princesa das fadas... Acho que passaria a viver no meu colégio :P

Espero com este texto ter tirado as dúvidas de todos aqueles que ainda não conheciam a maravilha que é o RPG. Não entrei em detalhes sobre Sistemas, exemplos de Aventuras nem nada assim, pois a intenção foi só dar a definição, o modo como eu vejo esta forma maravilhosa de entretenimento. Num texto futuro posso descrever melhor alguns pontos. Se, depois de lerem até aqui, sentirem vontade de jogar, saberei que valeu a pena ter escrito tudo isso. Termino desejando boas aventuras para todos e vamos viver o RPG!

Itekimasu

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